Por..:: Renato Marchesini
1.
Uso Público em UC - MANEJO DE TRILHAS
A principal função das trilhas
sempre foi suprir a necessidade de deslocamento. No entanto, as trilhas surgem
como novo meio de contato com a natureza. O ato de caminhar e observar ou
contemplar as paisagens que o caminho proporciona, adquire na
pós-modernidade um significado que vai além do ato de caminhar, mas chegar em
algum lugar diferente de quando começou o caminho.
A maior parte das trilhas hoje
utilizadas em ecoturismo são caminhos tradicionalmente usados por determinadas
comunidades para se locomoverem. Desde a ocupação portuguesa, ainda no
Brasil colônia os portugueses utilizavam os caminhos abertos pelos indígenas
para alcançarem o interior do país; assim também os bandeirantes em busca do
ouro ou os tropeiros que cruzaram o sul do país.
Nos casos de unidades de
conservação como parques, geralmente há potencial e necessidade de mais de uma
trilha. Mesmo que já haja várias trilhas em uso, a adequação e melhoria de
trilhas existentes, e especialmente a abertura de novas trilhas, devem ser
precedidas de um planejamento conjunto de toda a área, como um sistema de
trilhas. Assim, é possível propiciar um acesso a uma diversidade de
públicos-alvos e a maior variedade de ambientes e atrativos da área, com possibilidade
de realizar atividades diferentes sem que haja sobrecarga do ambiente ou
conflitos entre visitantes devido aos objetivos de uso diversos.
Toda a trilha deve ser planejada
em termos de finalidade, construção, segurança, conservação e manutenção,
requerem estudo técnico do local e da destinação do seu uso. Não podemos
ignorar que as áreas naturais estão regidas por Leis e Condutas Conscientes que
orientam o uso e/ou manejo dessas áreas e que deste produto final
interessa ao ecoturista, não só o atrativo propriamente dito, mas
principalmente o prazer da caminhada, a segurança, a qualidade e a
informação no sentido de uma educação ambiental informal ou mesmo uma prática
didática na natureza.
Manejo deriva da palavra de
língua inglesa “management”, manejo quer dizer gerenciar ou administrar. Assim,
manejar uma área é administrar seus recursos.
6.1. Quanto a Função:
As
trilhas são utilizadas de diferentes maneiras, uma delas em serviços
administrativos – normalmente realizados por guardas ou vigias, em atividades
prioritárias de fiscalização e patrulhamento (a pé ou a cavalo) ou pelo público
visitante em atividades educativas e/ou recreativas.
As trilhas podem ser subclassificadas quanto aos recursos
de interpretação ambiental de duas maneiras: guiadas ou autoguiadas (Rocha et
al., 2006):
a) Trilha guiada: é aquela realizada com acompanhamento de um guia/condutor,
tecnicamente capacitado para estabelecer um bom canal de comunicação entre o
ambiente e o visitante, oferecendo segurança a todos na caminhada.
No entanto, a trilha guiada,
necessita da presença de recurso humano treinado, no caso, um condutor de
trilha ou um guia de turismo ecológico, ou melhor ainda que este guia seja um
interprete da natureza, pois além de proporcionar ao visitante ,
informações básicas sobre o local , paradas técnicas estratégicas
com objetivo de descanso, registro fotográfico e observação da paisagem
ele irá contribuir para um melhor experiência deste visitante.
b) Trilha autoguiada: permite
o contato do visitante e o meio ambiente sem a presença de um condutor de
visitante. Recursos visuais, gráficos e outros orientam a caminhada, com
informações de direção, distância, grau de dificuldade, elementos a serem
destacados (árvores nativas, plantas medicinais, ocorrência de comunidades de
animais, etc.) e os temas desenvolvidos (mata ciliar, recursos hídricos,
raridade geológica, indicações arqueológicas, etc.). IMPORTANTE: Necessidade de
se planejar, implantar e monitorar primeiramente o sistema de trilha guiada.
1.1. O Planejamento:
O
planejamento de uma trilha deve levar em consideração diversos fatores.
a) Aspectos Ambientais
Dentre os ambientais destaca-se,
basicamente, solo, flora, fauna e os recursos hídricos.
a) Aspectos Sociais
Os sociais estão ligados ao
visitante e a comunidade local.
b) Aspectos Históricos e Atrativos
Ruínas, pinturas rupestres, histórias,
paisagem (É a composição de todos os elementos de um local e determinará a
atratividade numa trilha. Sendo assim, é importante, que na implantação que se
busque o máximo possível de diversidade de paisagens, pois a repetição pode
tornar o percurso monótono).
1.2 Quanto a Forma:
- Circular
- Oito
- Linear
- Atalho.
1.3. Levantamento e Mapeamento:
- Metragem
- Direção
(traçado)
- Declividade.
1.4. Obras / Intervenções:
- Clareamento
- Regularização/Pavimentação
- Degraus
e Escadas
- Ordenamento da Drenagem
- Ultrapassagem de
Corpos d’Água
- Contenção de Encostas
- Outros: Agarra
artificial, Corrimão, Guarda-corpo, Mirante, Passarela.
1.5. Sinalização:
Os tipos de sinalizações
consideradas são:
- Painéis
e Placas
- Totem
- Fitas
a) Alguns dos objetivos da sinalização:
_ Indicação de acessos;
_ Indicação de limites;
_ Orientação da circulação interna de veículos e
pedestres;
_ Indicação de serviços, equipamentos e
infra-estruturas;
_ Delimitação de espaços para usos específicos;
_ Orientação de segurança do visitante;
_ Informação de normas e regulamentos;
_ Informação de horário de funcionamento;
_ Informação de tarifas e
_ Interpretação ambiental.
b) Orientações gerais
para sinalização:
_ Planejamento
(necessidades, público-alvo)
_ Padronização (material,
tamanho, cor, fonte, linguagem);
_ Utilização de linguagem
simples e direta;
_ Dimensionamento adequado
(pedestre, proximidade, velocidade);
_ Localização estratégica;
_ Não-utilização excessiva
de placas (poluição visual);
_ Não-utilização de
mensagens longas;
_ Não-utilização de cores
fortes;
_ Utilização de painéis
interpretativos;
_ Utilização de símbolos e
imagens;
_ Complementação de
informações com materiais impressos (guias, folhetos, mapas).
Assunto polêmico:
_ Não-utilização ou
camuflagem de materiais artificiais (cimento, ferro, plástico);
_ Utilização de materiais
naturais locais e duráveis (madeira, pedra);
1.6. Ferramentas e Acessórios:
As ferramentas usadas
deverão variar de acordo com o tipo de trabalho necessário. Deve-se sempre ter
a ferramenta adequada para cada tipo de tarefa.
Os instrumentos
utilizados tanto na implantação quanto na manutenção de trilhas não variam
muito; em ambos os casos deve-se sempre levar um kit de primeiros socorros.
1.7. Organização da Equipe de Trabalho:
O mais importante nas atividades de planejamento e
implantação de trilhas é o bem estar e segurança do pessoal envolvido.
Deve-se estabelecer um plano e uma dinâmica de
trabalho, onde as funções de cada um devem ser bem especificadas, incluindo a
definição de responsável pela equipe. O
registro das atividades e relatórios sistemáticos são de grande valia para
eventual acompanhamento e avaliação.
Equipamentos de segurança, incluindo vestimentas e
certos produtos como repelentes, protetor solar e labial, entre outros devem
ser alocados e sempre disponibilizados.
Treinamentos complementares como: manuseio,
conservação e transporte de ferramentas e equipamentos; primeiros socorros; busca
e resgate, etc. devem ser sistematicamente conduzidos para todos os membros da
equipe.
1.8. Capacidade de Carga:
A
Capacidade de Carga é um conceito que se utiliza para determinar o nível de
atividade humana que um local pode receber sem que haja efeitos adversos à
comunidade residente ou na qualidade da experiência dos visitantes. “Em outras
palavras”, dizem os autores, “capacidade de carga é a característica e
quantidade de pessoas que um local pode suportar, por um determinado período de
tempo, sem causar danos ao ambiente, ou na satisfação do usuário.”.
1.9. Monitoramento do Impacto de Visitação
A implantação e utilização de trilhas devem-se ao uso
legítimo dessas áreas para fins de lazer e recreação. Sendo assim,
monitoramento de impactos é a ferramenta que os gestores têm para analisar e
avaliar o nível dos impactos decorrentes da visitação e assim tomar decisões de
manejos preventivas e corretivas.
CONCLUSÃO:
Quando
bem elaboradas, conseguem promover o contato mais estreito entre o homem e a
natureza, possibilitando conhecimento das espécies, animais e vegetais, da
história local, da geologia, da pedologia, dos processos biológicos, das
relações ecológicas, ao meio ambiente e sua proteção, constituindo instrumento
pedagógico muito importante.
Fonte..:: Apostila Manejo Sustentável e Conservação Ambiental versão1
Docente: Renato Marchesini
(ecoturismo, papo de biologia, mineralogia)